Custo por metro quadrado no Estado está R$ 82,38 mais caro do que no ano passado; setor está apreensivo com taxas de Trump.
Sob forte impacto do preço de materiais, o custo da construção civil avançou 0,6% em junho em Minas Gerais. No mês passado, o preço total por metro quadrado atingiu R$ 1.735,80, sendo R$ 1.008,74 referentes aos materiais e R$ 727,06, à mão de obra, conforme consta no Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Caixa Econômica Federal.
No acumulado dos últimos 12 meses no Estado, houve variação de 4,98% – a 12ª menor entre as unidades federativas. Para efeito de comparação, em junho de 2024, o custo total era de R$ 1.653,42 por metro quadrado: R$ 82,38 a menos que o registrado no mesmo mês deste ano.
Embora elevados, os valores estão abaixo do registrado em alguns estados, bem como na média nacional, cujo custo da construção por metro quadrado no último mês do primeiro semestre foi de R$ 1.842,65. Do total, R$ 1.056,33 são relativos aos materiais e R$ 786,32, à mão de obra.
De acordo com a economista do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos, o custo de materiais segue em patamares elevados desde a pandemia. “Os custos com insumos subiram de forma mais volumosa de 2020 a 2023 e isso tem acontecido de forma semelhante em outros estados do Brasil”, pontua.
Apesar disso, a economista avalia que o crescimento segue em patamares inferiores aos registrados nos últimos anos, acompanhando a dinâmica da inflação. “O custo do setor é um dos problemas que enfrentamos e esse custo está em patamar elevado em função da pandemia. O que enxergamos é que agora está um ritmo mais condizente com a realidade inflacionária no País”, argumenta.
Tarifaço de Trump: Nova incerteza gera apreensão
Para o segundo semestre deste ano, a expectativa é que o custo pelo menos se mantenha nos atuais patamares, sem maiores elevações. Entretanto, a instabilidade nas relações comerciais internacionais, especialmente com os Estados Unidos, projetam um novo cenário de incertezas, que, se confirmadas, poderão afetar toda a cadeia produtiva.
“Precisamos acompanhar se a taxação de 50% das exportações de produtos brasileiros será efetivada, como isso irá se refletir nas atividades produtivas e como chegará aos custos de toda a economia”, destaca Ieda Vasconcelos.
Com novas taxas para produtos brasileiros, as consequências poderão atingir toda a cadeia produtiva, incluindo a construção civil em Minas Gerais. Para a economista, as ações resultarão em um efeito em cadeia que poderá levar à desvalorização do real, a uma maior inflação, elevados patamares de juros e menores investimentos produtivos.
“Isso gera consequências no mercado de trabalho, que resulta em um menor ritmo de crescimento da economia. Vamos aguardar os próximos passos para verificarmos o impacto com reflexo nos segmentos produtivos”, pondera.
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